Diário do Capitão: Indo até Mauricius (Parte 1)
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No dia 4 de agosto, estávamos prontos para seguir viagem.
No veleiro Kat, a minha mente ainda vagava e estava ligada às aventuras e experiências que passamos nas Ilhas de Mentawai, esse lugar tão especial. O casal é de uma bondade extrema e de muito coração, nos deixaram muito à vontade em seu ninho, parecia que estávamos na nossa casa. Por iniciativa de Alexandre é que conhecemos a cultura dos nativos Sikereis.
Eu fui batizado pelo chefe Amparoroi nas altas montanhas de uma floresta tropical densa. Hoje, faço parte desta família de nativos em um ritual espiritual e místico muito forte. Para os Sikereis o meu nome é Fredokerei.
Depois de 18 dias, seguimos viagem. No momento de levantar âncora, sentimos algo estranho. A âncora estava subindo no guincho com muita dificuldade. Para nosso espanto junto com a nossa âncora veio duas outras âncoras enormes com corrente e cabos entrelaçados em um emaranhado que somente depois de três horas de muito trabalho cortando cabos e soltando as diversas manilhas e que conseguimos desvencilhar toda a parafernália.
Parecia que o lugar não queria deixar a gente zarpar.
As duas âncoras foram deixadas no fundo do mar por um proprietário de um resort nas imediações. Sua embarcação ficava ancorada na enseada, explicou Alexandre que, vendo que nós não saímos do lugar, veio de prancha conferir.
Nas cartas digitalizadas, a posição do local da enseada onde ancoramos está bem diferente. Se chegássemos à noite não seria possível entrar no passe. Com água cristalina e já com posição certa na carta, fomos saindo entre corais e três ilhas e aos devagar fomos deixando esse lindo e belo lugar.
A navegada até as Ilhas Mauricius seria a mais longa de todas as travessias da Oriente: 2.800 milhas quase a distância da costa brasileira do Oiapoque ao Chuí. Foram 12 dias e meio de navegação dia e noite.
Durante a travessia pegamos uma corrente a favor de 1,5 nós e ventos alísios de SE de aleta com ondas de 3 a 4 metros. O veleiro Kat surfava em cada descida de onda.
Também nesta travessia vimos somente três navios quando estávamos a 200 milhas da ilha Mauricius. A velocidade máxima do veleiro nesta travessia foi de 17,1 nós. Chegamos no Porto Louis depois de 295,14 horas, uma média de 9,5 nós por hora.
As autoridades de Mauricius nos receberam de braços abertos. Estava entrando com os papéis na aduana e o chefe, quando soube que eu era brasileiro, me chamou para uma sala. Lá chegando, estava em plena Olimpíada ele disse: O Brasil está jogando a final de vôlei com as americanas, senta aqui e assista. Depois, a mesma coisa na coast guard e na imigração.
No tempo que ficamos em Mauricius o veleiro Kat ficou ancorado na marina no centro da cidade no lugar denominado waterfront.
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No próximo post, você acompanha mais detalhes do Diário do Capitão!