Mensagem na garrafa, por Vilfredo Schurmann
18 de fevereiro de 2014
Em 1991, durante a nossa primeira viagem ao redor do mundo, nós conhecemos uma pessoa muito especial na pequena cidade de Opua, ao norte da Nova Zelândia.
O Sr. Hune Holnberg, sueco naturalizado neozelandês, com seus 65 anos de idade, havia recém-chegado de uma volta ao mundo em solitário em seu veleiro Tautara de 48 pés. Ele chegou jovem à Nova Zelândia, por volta de 1946, se apaixonou pelo país e ficou. Teve sucesso na vida e tornou-se um próspero criador de ovelhas. Sua fazenda era localizava de frente para o mar. Casou e fez uma família.
Mas, desde que chegou à Nova Zelândia, tinha o sonho de dar uma volta ao mundo em um veleiro. Casado e com filhos, esse sonho foi sendo deixado de lado. A esposa não gostava do mar e - o pior - de navegar. No entanto, ele acalentava o sonho, que nunca saiu da sua cabeça.
Com seus filhos crescidos, tomou uma decisão: vendeu sua fazenda, deu a metade do valor da venda para sua mulher e, com a outra metade, comprou um veleiro e foi realizar seu sonho.
Estávamos no Iate Clube de Opua quando ele timidamente se aproximou de nós e perguntou:
- Que língua vocês estão falando?
- Português.
- De Portugal?
- Não, do Brasil.
- Ah, que sorte a minha! Na minha viagem, lancei ao mar 20 garrafas com mensagens. A única resposta que tive acabou de chegar do Brasil. Será que vocês poderiam traduzir a carta para mim?
A coincidência era impressionante: éramos os primeiros brasileiros a ancorar neste porto. A carta era de Genival Borges. Ele encontrou a garrafa na praia de Mangunca, em Cururupu, no Maranhão. Na carta, ele dizia ser um pobre pescador e pedia para que Hune lhe desse uma dica para melhorar de vida - e, se desse para dar uma ajudinha financeira, ficaria muito contente também.
Em 1999, durante a nossa última expedição de volta ao mundo, a Magalhães Global Adventure, nós lançamos uma garrafa com mensagem na costa da África, a 300 milhas de Wallis Bay, na Namíbia. A garrafa pegou uma carona com a corrente subequatorial e veio parar na praia de Pirambú, em Sergipe. Quem a achou foi o Carlos Roberto Ramos dos Santos, depois de ela cruzar o Oceano Atlântico por 7 meses, percorrendo uma distância de quase 5 mil quilômetros.
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