Retrospectiva (parte 2), por Heloisa Schurmann
24 de março de 2014
Em 1975, podia contar nos dedos das mãos quantas mulheres no Brasil velejavam e corriam regatas! Eu sofria um bullying discreto dos velejadores masculinos: "Por que não vai cuidar de seus filhos? Por que não deixa seu marido velejar sozinho? Você não tem mais nada para fazer? Vai correr regatas com todos esses homens? Todo mundo fala palavrão! Voce não se importa, né?"
E as mulheres me perguntavam: "Você não tem medo do mar? Sabe que vai estragar seu cabelo e sua pele? E se você cair no mar? Com quem ficam seus filhos? Você não enjoa?"
(Velejadoras adultas no Iate Clube Veleiros da Ilha nessa época, somente Izabel, mãe do velejador André Fonseca, o Bochecha, e as jovens Lilian Reitz e Jackie Vasconcelos de Hobbie Cat.)
Meu amor pelo mar e pela vela já havia me tornado uma tripulante indispensável no barco. Confesso que também era metida e queria aprender tudo - continuo a mesma -, e me esforçava muito para ser boa nas manobras da vela balão, minha função a bordo.
Mas valeu minha persistência. Hoje, 30 anos depois, olho com saudades e o maior carinho para aquele início do aprendizado com a vela. Continuo a realizar meus sonhos, agora em família, com laços bem apertados pelo amor, a confiança e o respeito pelos mares...
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