Em Cebu a tripulação assistiu a encenação da Crucificação de Cristo. Kat e eu ficamos a bordo pois pediram para não irmos.
Até hoje me arrepio como relato emocionado do Capitão.
“Caminhamos sob o sol escaldante em uma procissão junto com milhares de fiéis, que rezavam alto, com grande devoção e fervor até chegarmos em uma pequena elevação. Com dificuldade, David, Jaime e eu, fomos abrindo caminho no meio da multidão de 3 mil pessoas e finalmente chegamos a cinco metros da cruz. O que vimos nos deixou paralisados: alguns fiéis estavam crucificando um homem! Martelavam enormes pregos que – rasgando a carne das mãos e dos pés – o prendiam à madeira do cruzeiro. A cada prego que entrava na sua carne, o homem gemia e movia o corpo e sua dor parecia ser sentida por todos. A cada batida do martelo, mulheres, homens e crianças choravam e gritavam. Colocaram-lhe então uma coroa de espinhos e o sangue escorria pelo seu rosto. Eu estava chocado. Olhei no fundo dos olhos do “Cristo” e vi refletida uma expressão de paz de espírito muito grande. Finalmente, terminaram de pregá-lo e ergueram a cruz. Seu corpo ficou crucificado, a dor deformando seu rosto. O povo em volta chorava. Eu também chorei…”
Depois de algum tempo, baixaram a cruz e retiraram os pregos das mãos e pés do homem. O sangue jorrava das chagas e ele foi transportado em uma maca para a ambulância. A multidão parecia sem controle, no limite da emoção, e se aglomerava para chegar mais perto e poder tocar no sangue para passá-lo em seus braços. Ficamos todos muito impressionados e sem fala. Esse homem estava pagando uma promessa: ser crucificado por doze vezes. Essa era a décima crucificação.
Artigo de autoria dos Schurmann.