Seriam os Chineses os primeiros a dar a volta ao mundo? Desde que chegamos em Xangai, durante 15 dias, imergirmos em analisar a teoria de que o chineses foram os primeiros a circum-navegar o globo. Visitamos museus em cidades dedicadas ao grande navegador Zheng He e entrevistamos três catedráticos:

– Shi Pin, da Xangai Maritime Universty’s Institute of Marine Culture e diretor Xangai Zhen He Research;
– Zhou Ru Yan professora do Centro de Pesquisa Zheng He;
– Zhu Jian Qiu professor e vice-diretor do Centro de Pesquisa Zheng He, que há mais de 20 anos estudam as viagens desse grande navegador.

Também fizemos uma entrevista interessante com Liu Gang, advogado, proprietário de uma banca de mais de 250 advogados em Pequim, que veio especialmente a Xangai para nossa entrevista. Ele tem como hobby a busca por relíquias em livrarias e em lojas de antiguidade e se considera um curioso e também um astrônomo amador. Há alguns anos, encontrou em uma loja de antiguidade um mapa datado em 1763 que afirma que foi desenhado a partir de um mapa de 1418.

Essas entrevistas foram de grande valia para nós que já estamos estudando a teoria da suposta volta ao mundo dos chineses em 1421.

Os três catedráticos se baseiam em mapas e registros oficiais encontrados e expostos nos três museus que visitamos. Eles afirmam que o almirante navegador Zheng He e sua gigantesca frota navegaram pela Ásia indo até Índia, depois golfo pérsico chegando até a costa da África onde hoje é Moçambique.

Eles dizem que não há registro de uma viagem transoceânica de volta ao mundo. Eles já estiveram com Gavin Menzies e reconhecem o grande trabalho de pesquisa do autor do livro 1421 – O Ano em que a China Descobriu o Mundo, mas debatem sua teoria.

Eu perguntei se não havia a possibilidade de o imperador ter um plano secreto e ter enviado embarcações em uma missão para além do continente africano. Eles responderam que, se houvesse, haveria alguma prova registrada por Zheng He. Na sua volta a China, da suposta volta ao mundo, seria documentada e divulgada.

O almirante Zheng He sempre tinha ordens expressas do imperador de navegar pelos mares que haviam estudados antes de zarparem do porto. Também, se houvesse uma volta ao mundo, os marinheiros chineses comentariam algo, como na época das navegações espanholas e portuguesas houve registros das terras conquistadas e não somente do escrivão-mor.

Explicaram que o imperador tinha que cuidar muito bem do seu país que estava sempre em constantes guerras e não tinha ambições, mesmo tendo uma numerosa frota. As viagens realizadas pelos chineses não tinham como objetivo conquistar novos países e sim de estabelecer novas relações culturais e rotas de negócio, como as vendas de seda e cerâmica que na época tinha um valor muito alto. Diferentemente dos portugueses e espanhóis, que em cada lugar que chegavam à força ou através da religião obrigavam os nativos seguirem seu mando e exigiam a mudança de sua crença.

A teoria de Gavin Menzies diz que os chineses eram exímios navegadores e sabiam se situar no mar através da navegação astronômica. Com tantos navios por que não iriam além da África?

Como se explica o mapa produzido em 1418 que mostra o globo com os polos e a Austrália e Nova Zelândia? Os catedráticos chineses dizem que esse mapa não é verdadeiro.

Foi esse mapa que Gavin Menzies apresentou como uma de suas evidências mais contundentes de suas teorias, embora a comunidade acadêmica não o aceite como prova, pois ele foi feito em 1763, ou seja, mais de três séculos depois da última expedição feita pelos chineses no século 15.

Liu Gang nos falou que fez a análise do papel na Nova Zelândia e tem um laudo que o papel é de fato de 1763, mas defende que as inscrições e o tipo de escrita no mapa apontam para um outro mapa mais antigo, supostamente de 1418. Segundo ele, que defende a tese de Menzies, os chineses teriam estado em até mais lugares do que o próprio autor inglês aponta.

Seguimos investigando e estaremos realizando mais entrevistas em Hong Kong, Singapura e também na Africa do Sul. Na nossa volta ao Brasil poderemos falar com mais propriedade e dar uma versão sobre a teoria de Gavin Menzies.

Este artigo foi retirado do antigo site. Sua autoria é dos Schurmann.

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